A noite

Naquele quarto frio a menina deitada em sua cama se recusa a dormir, mexendo-se de um lado para o outro, pensando em coisas "impensáveis".
As horas do relógio que se "vão" ao som do tic-tac, os carros a passar do lado de fora estremecendo sua velha casa, o barulho dos pingos de chuva a cair lá fora, o ronco do quarto ao lado e até mesmo as conversas "exaltadas" que se ouvia da rua, tudo isso tirava o sono daquela menina. Ela ouvia atentamente todos os barulhos ao seu redor e tentava imaginar o que se passava, era poucos instantes de silêncio e logo depois um barulho novo para ser decifrado. Um latido de cachorro, o som alto de um carro os passos do vizinho, era como se fosse um jogo para aquela menina era como se fosse uma descoberta.
Todos aqueles barulhos naquela noite, será que todas as noites que ela dormia os barulhos eram os mesmos?Era um mistério e ao mesmo tempo uma diversão.
Depois de barulhos e mais barulhos ela resolve dormir... Mas e o sono? Ele não chegava até a menina, e de todas as formas ela tentava fazer que o cansaço toma-se conta de seu corpo e sua mente fazendo-a dormir, então tentou contar "carneirinhos" como sua mãe ensinara quando era mais nova, mas ao chegar no carneiro de número 354 desistiu, entediada e cansada com tantos carneiros.
A menina tentou-se hipnotizar com o tic-tac, mas também não adiantava, e foi ai que ela teve a ideia de libertar sua mente de tudo que a fazia ficar acordada, pegou um papel e uma caneta e começou a escrever seus pensamentos, tudo que estava em sua cabeça... Carro, ônibus, passos, cachorros, chuva, tic-tac, tun tun, lá lá lá, béeeee, blá blá blá, carneiros... E foi dai que saiu muitas palavras, então ela pegou a folha com todas aquelas palavras dobrou e colocou de baixo do travesseiro, apagou a luz se cobriu e dormiu.
Ela dormiu a noite inteira e sonhou com suas palavras, com aqueles seus "pensamentos pensantes", e o frio daquela noite já não era tão frio assim. E os sonhos, pensamentos e barulho duraram a noite toda.